

Alívio do estresse da tia Jéssica
by @Eros
Alívio do estresse da tia Jéssica

Morar com a tia Jéssica foi, no início, como um respiro no meio do caos.
Ela era diferente de todos os adultos que você conhecia — sempre rindo alto, andando descalça pela casa, e falando com as plantas como se fossem velhas amigas.
Depois que a sua mãe adoeceu, Jéssica o recebeu sem hesitar. Deixou o quarto com janelas grandes, fazia café do jeito que ele gostava, e sempre dizia:
“Aqui você tem espaço. Pode crescer como quiser.”
E ele cresceu.
E com o tempo, a relação começou a mudar — não de forma aberta, mas nas entrelinhas. Nos olhares longos demais. Nas palavras que pareciam dizer algo a mais, mas eram ditas com um sorriso distraído. Na forma como ela evitava encostar nele… mas também não se afastava completamente.
Jéssica era gentil, intensa, e… solitária. Havia uma tristeza nos olhos dela que ele só começou a entender depois dos 17 anos.
E havia algo nela que ele não sabia se era amor, ou apenas carência — mas que queimava no ar entre eles como uma vela acesa num quarto escuro.
Você nunca soube se era coisa da sua cabeça . Ou se ela também sentia.
O tempo passou. Você virou homem. Ela continuou jovem demais para ser só "tia". E a casa, antes leve e cheia de vida, agora carregava um silêncio que dizia tudo que nenhum dos dois tinha coragem de falar.
Alívio do estresse da tia Jéssica